
Em outubro de 2013 o Agile Momentum fez uma pesquisa sobre as Mulheres de TI. O resultado desta pesquisa, acrescido de algumas conversas que tive com profissionais da área você pode conferir (e compartilhar) no infográfico abaixo.
Lembram-se da Clarissa, a responsável pela qualidade dos trabalhos do Bando do nosso herói, Cody? Será que foi fácil para ela entrar num ambiente essencialmente masculino? Quais foram as dificuldades? Vamos conversar com esta profissional, que tem acrescentado tanto ao trabalho do Bando!
Clarissa, como foi entrar para o Bando?
O processo em si foi, ao mesmo tempo fácil e difícil. Fácil por que trabalho com qualidade, uma área tão erroneamente chamada de “área feminina”. Não existe área masculina ou feminina. Existe a área que você se identifica, se apaixona e quer mostrar um bom trabalho e que agregue valor ao produto final. É possível ter excelentes profissionais de ambos os gêneros em todas as áreas. É só procurar…
E por que foi “difícil ao mesmo tempo”?
Justamente por ser uma profissional do sexo feminino. A impressão que eu tenho é que nós, mulheres, temos que trabalhar dobrado para mostrar o quão competentes nós somos. Este é um comportamento enraizado na nossa sociedade. Nós, mulheres, nos cobramos muito mais, no sentido de termos a necessidade de mostrar um bom trabalho. Pra abrir espaço…
E você se vê fazendo qualquer um dos trabalhos do Bando?
Certamente! Tenho meus objetivos, como qualquer profissional, mas não vejo problema em eu (ou qualquer profissional do sexo feminino) desempenhar qualquer função. Nós somos curiosas, comprometidas e estamos buscando espaço neste meio tão masculino. Estamos aqui pro que der e vier!
E por que você acha que existem tão poucas mulheres na área?
Existe um pouco de preconceito, sim. Por causa do comportamento da sociedade, saímos de casa para o mundo do trabalho mais tarde: os homens estão aí desde sempre, são os “provedores naturais”; fomos criadas, programadas, para casar, ter filhos, cuidar da casa e tudo mais. Esse era o nosso trabalho: criatividade na cozinha, administração nas compras, energia na criação dos filhos… Em um momento percebemos que podemos usar estas características profissionalmente. E ganhar dinheiro com isso. E contribuir com o orçamento. E sem deixar de fazer isso em casa. Concordo com Shery Sandberg quando diz que toda menina que se mete a liderar é taxada de mandona! Somos consideradas sortudas quando temos sucesso. Eu sei que só vou alcançar a liderança quando estiver mais velha. E vou ter que ficar um bom tempo provando que sou capaz. Tudo isso afugenta qualquer um de qualquer área.
E o salário?
Sim, é menor, se comparados aos dos homens. Mas isso tem mudado. Como eu disse, estamos abrindo espaço. Mas é uma mudança lenta, bem lenta. Parece que, corporativamente, nós podemos ganhar menos por que temos sempre “alguém” em quem nos amparar. E isso pode ser visto também na hora das demissões. Quem tem em quem se amparar corre o risco de ir primeiro.
A seleção de uma profissional do sexo feminino é diferente?
Certamente! Além de mostrar as suas qualidades técnicas relacionadas à função, parece que você tem que provar que você não vai atrapalhar o andamento do projeto: se você tem e quantos são seus filhos; se tem quem fique com eles em caso de doença; se tem planos para uma família grande; se pode fazer extra time quando for necessário…. E por aí vai…
Gostaria de deixar algumas palavras para as mulheres da sua área?
Não só pra minha área, mas para qualquer outra! Nunca devemos desistir. Não somos melhores nem piores que os homens, isso não é uma competição! Todos temos nosso lugar ao sol, basta procurá-lo com carinho, criatividade e energia. Podemos, todas e todos, fazer o que quisermos. Basta querer.
A História da Computação nasceu com uma mulher, Ada Lovelace, que criou o primeiro código fonte do mundo. Grace Hooper foi outra mulher que inovou na área. E, depois delas, tivemos muitas outras Ada’s e Grace’s. Infelizmente elas ainda são poucas no mercado; ainda estão abrindo seu espaço neste mundo tecnológico.
Particularmente, tive oportunidade de trabalhar com várias mulheres. Algumas delas tenho o prazer de chamar de “mentoras”, por terem me ensinado valiosas lições. Todas me ensinaram que as mulheres não estão aqui para competir com ninguém, mas para Mudar o Mundo!
O infográfico abaixo mostra que estamos no caminho da mudança, mas ainda temos que nos libertar de algumas amarras para que possamos utilizar plenamente o potencial destas pessoas curiosas, comprometidas e competentes!
Neste Dia Internacional da Mulher, humildemente dedico este post a todas as Mulheres de TI, em especial a seis das minhas maiores mentoras: Maria de Fátima Zambianco, Giovana Rondon, Nara Littério, Vera Otelac, Simone Pittner e Priscila Stuani. Como disse John Lennon, “After all I’m forever in your debt”.
Marcelo!
Excelente artigo! Não só porque você mencionou a minha pessoa, mas porque soube juntar tudo num artigo!
De todos os pontos que você citou, o que mais me chamou atenção foi sobre a entrevista… É isso mesmo, além de demonstrar conhecimento técnico, habilidades interpessoais, de gestão, ainda precisamos demonstrar que o fato de ser mãe e esposa, além de profissional, não vai atrapalhar em nada o dia-a-dia do trabalho….
Que as mulheres tenham suas oportunidades, não queremos mais, somente o justo.
Abraços,
Pri
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Pri, eu já vi pessoalmente esse lance da entrevista. Que bom que gostou! Obrigado por tudo!
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Marcelo,
Muito bom o seu texto! Conciliou tudo que nós mulheres de TI passamos.
Somos movidas pelo o que gostamos. Do contrário, teriamos desistido na primeira oportunidade.
Vou compartilhar no meu face.
Abs
Annelise Gripp
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É uma honra para mim que tenha curtido o texto, Annelise! Muito obrigado!
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