
O Universo se move em permanente mudança. O ser humano, como parte integrante do Universo também tem sua existência regulada por ciclos alternados de prosperidade e escassez; movimento e paralisia; alegria e tristeza. Este parece um fato simples e natural, certo? Sim, mas por vezes é muito difícil entender este processo, visto que estamos constantemente tentando acertar as áreas de nossas vidas sem aceitar a possibilidade da mudança.
No mundo corporativo não poderia ser diferente! Estamos acostumados a trabalhar usando um determinado método, que, de certa forma, tem funcionado bem. Mudar a forma como aprendemos que as coisas funcionam é algo que demanda muito da nossa psique. Sobretudo quando falamos em metodologias ágeis, onde temos que abrir mão do nosso bem mais precioso: o controle.
Somos orientados a controlar absolutamente tudo, pois esta é a forma aprendemos que as coisas funcionam: é preciso ter as figuras do controlador e do controlado, master and servant. Acreditamos que as pessoas precisam de um mestre para supervisionar de perto suas tarefas e não acreditamos de forma alguma que elas sejam executadas de forma satisfatória sem tal interação.
Então, a primeira grande dificuldade para adoção das metodologias ágeis é a resistência natural do ser humano às mudanças!
Depois disso, vale discutir a forma como as mudanças são implementadas. Mudança imposta nada mais é que o comportamento “master and servant” repaginado e com cara de “moderninho”. Ainda existe um provedor que pensa em todos os detalhes e fornece a solução pronta. Neste aspecto a relação de dependência só aumenta, pois os controlados não se sentem à vontade para fazer as coisas da forma como pregam os agilistas: experimentar, errar, aprender com os erros e melhorar continuamente.
Acredito que já tenha falado bastante sobre isso, mas também temos a tendência a buscar Tábuas de Salvação em pessoas ou métodos, como se houvesse um jeito único e milagroso de fazer as coisas certas. Se você acredita que existe uma resposta única para toda questão, você tem um problema nas mãos. Cada um de nós interage em um ambiente complexo único, com conjuntos únicos de vantagens e desvantagens, que deverão ser analisadas e adaptadas. Ou seja, não existe verdade absoluta; existe adaptação!
Quanto maior o ambiente, quanto maior a quantidade de subsistemas que interagem, mais complexa é a adaptação. Por isso, vale dizer que não funciona você chegar na frente do seu cliente externo e contar que agora ele se chama Product Owner, que vai ter que escrever umas coisas chamadas User Stories e que ele vai ter que ter mais tempo dedicado ao projeto. Afinal, o cara do outro lado segue as diretrizes da cultura dele, não da sua. Think about it!
Falando em cultura, é importante dizer que a mudança da cultura organizacional é fator crucial para o sucesso da adoção das metodologias ágeis. Não adianta você chamar os recursos do seu projeto de Time Ágil se você microgerencia suas atividades. Também não adianta dizer que seus times são empoderados se eles não podem nem pensar em experimentar, muito menos em errar um mínimo aceitável.
Metodologias ágeis estão na moda, são legais e são o estado da arte em desenvolvimento. Então, você acha que se começar com seu maior projeto, aquele em para o qual todos os olhares estão voltados, você terá um grande caso de sucesso, certo? Bem, particularmente eu não concordo muito. Lembre-se que você está “experimentando”, então, talvez seja melhor experimentar com algo não tão grande. Tamanho ou complexidade do projeto piloto são fatos que devem ser tratados com muita atenção e cautela.
A Construção do time deve ser levado a sério! Equipes multidisciplinares são difíceis de montar, mas, quanto mais próximo disso você conseguir, maior será o sucesso do projeto. Lembre-se que o time se compromete com o projeto e, quanto mais ele for auto suficiente, melhor.
Por fim, nada de promessas irreais! Pode ser que o projeto não fique pronto em menos tempo; pode ser que você tenha que investir mais do que o previsto; pode ser que as coisas deem errado; pode ser que a implementação não funcione. lembre-se: experimentar, inspecionar e melhorar!
Se a sua empresa quer entrar para o Mundo Ágil, que ela aja com cautela; pondere os riscos; permita-se. Aproveite o começo do ano para começar as coisas de um outro jeito, mas esteja verdadeiramente aberto ao novo. Principalmente, considere que não se muda a cultura organizacional da noite para o dia.
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