
Scrum é bacana! Kanban traz à tona os problemas e gargalos do processo produtivo!
É inegável o número de vantagens que vêm junto com a adoção de metodologias ágeis. Tenho lido bastante casos de sucesso da adoção das metodologias. Mas a maioria destes casos acontecem quando tudo é feito em casa. Ou seja, desenvolvimento de produtos ou uma área de TI de uma empresa, cujo cliente é interno, outra área.
E quando se fala na famosa relação cliente – fornecedor? Uma coisa é você engajar a sua empresa inteira em busca de um objetivo. Outra coisa completamente diferente é você convencer o seu cliente que ele vai ter uma série de obrigações durante o projeto. Ok, tais obrigações agregam valor ao produto e faz com que este seja muito mais aderente ao desejo do cliente. Mas, quando uma empresa busca um fornecedor, uma fábrica de software para resolver o seu problema, a impressão que tenho é que o cliente transfere completamente a responsabilidade do produto para o fornecedor.
É como se o fornecedor tivesse a obrigação de ler todos os pensamentos do cliente e conceber um produto aderente ao negócio, com interface amigável e simples de usar, com o mínimo de interação do cliente. Durante o desenvolvimento, prestação de contas é o que basta. Existe uma crença (sem sentido, na minha visão) que é mais válido para o cliente receber um relatório detalhado de atividades em dia em comparação com um cronograma do que ver o produto funcionando.
Tive oportunidade de participar de um projeto há alguns anos em que uma das principais stakeholders nunca tinha tempo de participar das reuniões de levantamento. Ela confiava que o que a equipe diria seria aderente com os desejos dela. O projeto correu conforme esperado, dentro do cronograma. No dia da entrega, a stakeholder estava lá, sedenta por seu produto, que iria facilitar seu dia. Eu pessoalmente fiz a apresentação da aplicação, a equipe toda ficou empolgada. No final de tudo, a querida stakeholder se pronunciou:
Não era isso que eu precisava!
A sala inteira parou, girou, calou. Passamos meses desenvolvendo um produto que tinha a visão da equipe, mas não tinha a visão do negócio em uma das sua funcionalidades principais.
Este é um caso clássico dessa transferência de responsabilidade. O cliente transferiu para pessoas que não conheciam plenamente o negócio. Hoje penso que se este projeto tivesse utilizado o Scrum, ele teria sido diferente. Mas teria mesmo sido diferente? Um dos stakeholders principais não se comprometeu com o projeto e será que teria se comprometido mais? Como fornecedor, eu não poderia invadir a empresa cliente e obriga-lo a me receber para planejamentos e revisões.
Scrum e qualquer metodologia ágil funciona quando há o compromisso de todos os envolvidos. Conseguir este apoio e disponibilidade de um cliente externo é bastante difícil. Este é um questionamento que tenho feito constantemente e não consegui chegar a uma única conclusão.
E você, já passou por este tipo de problema? Como conseguiu, sendo fornecedor, utilizar o Scrum e obter o comprometimento do cliente, com uma metodologia que quebra tantos paradigmas?
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