O grande barato do trabalho de coach é que ele é multidisciplinar. Ontem estava falando sobre papéis, amanhã, sei lá… E hoje, vamos falar sobre design de produtos!
O primeiro mito que precisamos desfazer é o de que o designer de produtos está sempre trabalhando em busca de soluções bonitinhas, agradáveis e interessantes. O trabalho de design de produto é mais generalista: é quem vai atrás dos problemas certos para resolver e que trabalha o tempo todo investigando e validando formas diferentes para solucionar tais problemas.
Compreendido o que faz o designer de produto, vamos entender com um pouco mais de profundidade as fases do design.
Compreensão
Quando nos propomos a resolver um problema, precisamos, antes de qualquer coisa, conhecer quem é o público alvo, ou seja, quem sofre com as dores que o produto tentará minimizar ou resolver. Para isso, o designer de produto precisa investigar minuciosamente o mercado, através de focus groups, pesquisas e benchmarks.
Entender muito bem o problema gera a empatia necessária para atuar como um defensor do consumidor.
Definição
Quando você entra no mundo do seu público, você encontrará muitos problemas a resolver. E, com o desenvolvimento da empatia, é provável que você queira resolver todos os problemas do seu público.
Mas isso é um grande erro! Quando se tenta acertar em tudo, a probabilidade de não acertar nada e não fazer nada direito é enorme.
A fase de definição serve para que o design de produtos organize os problemas encontrados e coloque foco no que realmente importa, ou seja, priorize os problemas que seu produto irá resolver e coloque foco total em um problema de cada vez.
Ideação
Aqui entra o processo criativo! Parece que você deu alguns passos atrás, pois colocará as pessoas certas para ter ideias para resolver os problemas. Como todo processo criativo, deve ser livre e natural. Todas as ideias são válidas, por mais absurdas que possam parecer.
Das ideias mais absurdas nascem as melhores soluções, então, o designer de produto precisa estimular o pensamento livre.
Prototipação
Um protótipo é uma forma de entregar algo tão rápido e simples quanto seja necessário para validar ideias e hipóteses. Lembre-se: não estamos falando da solução pronta, mas de um modelo simples, sem detalhes, mas que contenha as informações que permitam voltarao seu público para entender se você está no caminho certo.
Validação
Lembra do esforço que você fez para conhecer e entender o problema? Pois bem, aqui você precisa procurar uma parte do seu público alvo e apresentar o protótipo. Sim, você apresentará um trabalho inacabado, mas precisamos falhar o quanto antes.
Você já deve ter lido centenas de artigos sobre o custo de uma falha tardia, então, não tenha medo de envolver o seu público. Crie uma estratégia para que este processo seja prazeroso para o outro lado, ofereça algo em troca.
Aproxime-se cada vez mais do seu público. Isso fará toda a diferença no seu trabalho. Quanto mais você etender o seu público, suas dores e envolvê-los na solução, mais bem sucedida e assertiva será a sua solução.
Ciência por trás do produto
Como designer de produto, você será algo como um Embaixador do Grupo de Usuários que representa. Você defende essas pessoas com o seu produto. E, como todo bom defensor, você precisa estar embasado em uma boa quantidade de argumentos sólidos que permitam sustentar o produto.
Um bom designer de produto usa feedbacks, pesquisas qualitativas e todo tipo de métricas que achar cabível. Tudo isso pois, no fim do dia, o que realmente agrega valor ao seu produto é aquilo que traz resultados.
Aqui, cabe um grande exercício de desapego. O produto que você está criando, na verdade, não é seu; é dos usuários que você representa. Sendo assim, não tenha receio de mudar o rumo quantas vezes forem necessárias. Use o que funciona e jogue fora o que não será usado.
Outra boa ideia é criar KPI’s no início de qualquer projeto. Assim, você saberá se está atingindo os reultados esperados.
A última dica que deixo para designers de produto é, na verdade, a inspiração que tive para escrever este texto: não queime dinheiro atendendo a todos os pedidos dos usuários.
Isso pode parecer um pouco contraditório, mas, usuários tem visões opostas de um mesmo ponto e você não conseguirá atender a ambas com uma mesma solução. E, provavelmente, você ficará louco tentando… 🙂
Outro fator é que, muitas vezes, o seu público não sabe exatamente o que quer: ele sabe que tem um problema e acredita que tem a solução. Uma solução enviesada e que desconsidera as muitas nuances do mercado.
Para exemplificar isso, gosto de usar a Dinâmica da dona Agatha. Mas essa eu deixo para aplicar pessoalmente, num café. Pois ela é muito divertida para se descrever em um artigo! 🙂