Sou Scrum Master mas não uso Scrum. E Agora?

Sim, é verdade que Scrum Master é um papel criado para o framework Scrum. Mas, com o crescente aumento do uso do mindset ágil pelas empresas, tem muita gente fazendo muita coisa que não tem nada a ver com o papel do Scrum Master, muito menos com o framework.

Há um tempo escrevi sobre As Competências do Scrum Master, falando muito mais em softskills. Mas, falando no dia a dia e como ajudamos nossos times a entregar produtos com qualidade, agregando valor ao negócio, será que estamos mesmo errados quando chamamos de Scrum Master a pessoas que não roda Scrum?

Agilidade é um meio e não um fim

Antes de mais nada, vamos nos atentar para a frase acima:

Entregar produtos com qualidade, agregando valor ao negócio

Observe que sequer insinuei que nosso objetivo é rodar Scrum. Profissionalmente, precisamos entender a responsabilidade do nosso papel de facilitador para que o time potencialize suas entregas de valor. Todo o nosso trabalho tem esse objetivo primário.

O Scrum é um framework, onde se pode inserir uma infinidade de boas práticas de mercado (ou desenvolver as próprias práticas). Como o próprio Scrum Guide diz, ele é leve, simples de entender e extremamente difícil de dominar.

Em termos de aprendizado, precisamos começar por alguma coisa: o Scrum! Somos apresentados a um framework extremamente enxuto, assumimos aquilo como um dogma e voltamos para nossas empresas achando que seremos felizes para sempre “instalando” o framewor as is nos projetos.

E nesse lugar encontramos diversos desafios do mundo real que nos ensinam, na prática, que precisamos inspecionar e adaptar. Precisamos inserir práticas no framework para que ele funcione para o nosso ambiente. E as práticas que eu insiro podem ser bem diferentes das práticas que você adotou.

E tudo bem! Não existe certo ou errado. Existe o conjunto de práticas que levou o time a atingir seu objetivo primário.

Scrum não Funciona

Num primeiro momento, ter que fazer estas adaptações geram uma grande frustração, por que estamos habituados à prescrição. e esquecemos completamente do mindset ágil de inspeção e adaptação.

E então, somos inundados de artigos contando os detalhes de por que o Scrum não funciona.

Mas será que não rola mesmo? Sim, pode ser que não funcione: para um contexto específico! Não se pode ser simplista e achar (e propagar) que algo não funcione só por que não tivemos a melhor experiência. Defendo muito a ideia de que cada ambiente é um universo único de possibilidades a ser explorado.

A Evolução do Scrum Master

Neste ponto, onde alguns desistem da agilidade, que o agilista de raiz vai atrás de outras práticas e até mesmo de outros frameworks para construir uma base de conhecimento para ajudar o time. Isso é uma forma de exercitar a liderança servidora!

Um bom Scrum Master deve, sim, conhecer e saber ensinar, propor e aplicar Kanban, princípios Lean, XP, frameworks de escalabilidade e, até mesmo, Waterfall! Assim como deve ser um bom facilitador, líder servidor e até saber qual o momento certo para chilicar com o time :)! E nenhum modelo (de processo ou comportamental) deve ser aplicado as is. E, sim, como uma combinação adaptada para o sistema com muito bom senso.

Pode parecer incongruente dizer algo assim, mas isso, sim, diferencia o mau, o bom e o excelente Scrum Master!

Na minha experiência já tive que dar rollback no Scrum e partir para Kanban. Isso foi ruim? Não! Por que usar conceitos de Kanban fizeram com que o time entregasse mais valor e se frustrasse menos, dado o contexto específico.

Isso não me fez ser um Scrum Master ruim, tampouco me tornou um Kanban Master.

Também já dei altos pitis com times que precisavam de uma liderança mais forte. E isso não me tornou Poderoso Chefão.

Então, agora sou um Agile Coach?

Não, de forma alguma! Na verdade, vejo isso como um grande erro que muitas empresas – e pessoas – tem cometido, mesmo que sem querer. Vejo muitas pessoas saindo de treinamentos de Scrum e se intitulando Agile Coaches, assim como empresas chamando seus Scrum Masters de Agile Coaches.

Mas, então, que raios forma um Agile Coach?

A resposta é muito simples: experiências diversas, basicamente! Existem, sim, treinamentos muito bons para formação de Agile Coaches, mas você não deve se considerar um Agile Coach de fato se você não tem experiências em vários projetos, de diferentes ramos e com diferentes times, diversos clientes e diversas empresas.

O trabalho do Agile Coach é guardar essa diversidade de experiências e usá-la em seu favor, como um toolkit, diante dos desafios. Nos seus times ou nos times de outros Scrum Master.

Também o Agile Coach tem um papel fundamental de mentoria e coaching em agilidade (e profissional também) para toda a organização. É a pessoa vista como referência em agilidade – não scrum ou qualquer prática ágil.

Infelizmente não existe no mercado um termo adequado para o Scrum Master que está evoluindo. E tudo bem! Aceita! Por que a tua finalidade não é rodar Scrum, mas ajudar o seu time a entregar produtos de qualidade, agregando valor ao negócio. Esse deve ser o verdadeiro mantra do Scrum Master.

Seja lá quais forem as práticas que usa para isso!

Existe um Radar de Competências que utilizamos na empresa, que traduz muito bem essa evolução. Você pode fazer o download abaixo e utilizá-lo para fazer um self assessment e, se quiser, pode me chamar para bater um papo sobre as práticas e sobre a sua evolução no papel de Scrum Master.

Radar_Scrum_Master

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Marcelo L. Barros

Olá! Sou um cara criativo, curioso e detalhista, que, cada dia, mais se vê interessado em desvendar os mistérios desse "bicho gente"! Comecei minha carreira profissional em 1996, sou formado em Processamento de Dados pela FATEC de Santos. Naquela época tudo o que eu queria ter na minha frente era um computador e uma desafiadora regra de negócio, que se transformaria no melhor programa possível. Mas as coisas mudam! Concluí que quem faz software com qualidade são as pessoas e não as máquinas. Hoje, minha MISSÃO é ajudar pessoas e times a alcançarem seus objetivos, pois acredito que o sucesso pessoal e profissional está ligado a três pilares: FELICIDADE, MOTIVAÇÃO e SENTIDO. Como faço isso? 💡 MOTIVANDO pessoas, fazendo-as enxergar o 💡 SENTIDO das suas ações, que traz 💡 FELICIDADE por fazerem a diferença em suas vidas, suas empresas. Sou formado em Coaching pelo ICC e escrevo artigos sobre Métodos Ágeis, Comportamento, Inovação e Coaching. Vejo no lúdico a forma mais profunda de aprendizado. Procuro sempre conduzir reuniões de forma criativa, que tragam algum tipo de aprendizado aos participantes, seja por meio de dinâmicas de grupo ou jogos em equipe. Neste quesito, desenvolvi um jogo, a "Feijoada Ágil", para ensinar conceitos sobre trabalho em equipe. Se você, como eu, também acredita que eu posso te ajudar, deixe-me saber! Vamos tomar um café e, quem sabe, juntos podemos MUDAR O MUNDO!

2 comentários

  1. Muito bom o texto!!
    Tenho visto o mercado denominar esse cara agora como Agile Master. Eu, particularmente, prefiro chamar de Agilista.

    Em relação ao Agile coach, Esse desentendimento sobre o que é, é algo q me preocupa. Vejo muita gente colocando como Agile coach em seus currículos sem nunca ter experimentado outros métodos. Algo como “sou a.c., ensino a galera a fazer Scrum”… Ou seja, pessoas fazendo mentoring de processo e ferramentas e esquecendo de olhar para o principal: as pessoas.

    Acredito q o principal papel de um coach, seja fazer as pessoas encontrar respostas para poder evoluir e não apenas dizer o caminho das pedras que ela deve seguir.

    Vale lembrar TB q um A.C. deve verificar sempre a saúde ágil da empresa…

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