Há muito tempo ouvi uma frase de uma psicóloga, que me marcou muito:
Somos animais racionais sociais!
Quando ouvi isso, lá no início da minha adolescência, não dei muita importância, achei uma bobagem, até. Afinal, o mundo era meu! Era eu quem definia para onde o mundo deveria ir.
Que tolice!
Ninguém é uma ilha, ninguém faz nada sozinho. Precisamos socializar, dividir, compartilhar, para conseguir resultados melhores. Ou seja, até podemos fazer algumas coisas sozinhos. Mas, quando fazemos em grupo, nossa força é ainda maior!
Pessoas relacionadas à negócios e desenvolvedores devem trabalhar em conjunto e diariamente, durante todo o curso do projeto.
Este Princípio Ágil toca justamente neste ponto e é complementado pelo Manifesto Ágil, quando diz:
Indivíduos e interação entre eles mais que processos e ferramentas
e
Colaboração com o cliente mais que negociação de contratos
Já entendeu o valor que os agilistas dão para a interação e colaboração, né?
No modelo waterfall, já discutimos que o problema é jogado no colo da TI que, através de entrevistas levanta o que pode ser a solução. O único acompanhamento que acontece, por vezes, é apenas gerencial, para compartilhar o progresso das atividades que foram levantadas.
O ponto que tenho insistido bastante é a velocidade que o mercado anda. Se não se acompanhar isso, o software fica obsoleto antes mesmo de ir para a produção.
Da mesma forma, o cliente, na figura do Product Owner, Stakeholder ou seja lá o nome que é usado na sua empresa, esse cara precisa estar envolvido em todo o processo de desenvolvimento. Não é possível se isentar de participação.
O software precisa ser construído por todas as mãos possíveis que possam acrescentar alguma informação relevante que possa maximizar o valor agregado das entregas.
Certa vez, quando era analista de sistemas, fiz uma reunião de levantamento com uma usuária. Fiz todo um questionamento das suas necessidades, fui o cara chato! Voltei pra casa e, junto com a equipe, elaboramos o documento de requisitos e o protótipo navegável do que seria a aplicação.
Na apresentação deste material, esta usuária se recusou a participar: estava muito ocupada com um projeto interno e deixou a validação a cargo da sua equipe. A equipe, composta por umas três pessoas, fez suas considerações, alteramos o protótipo, os requisitos. E voltamos pra validar.
Mais uma vez, a usuária não pôde participar, mas disse que o assunto seria bem tratado pela sua equipe. Fizemos mais alguns ajustes finos. Fechamos tudo por email. Partimos para as fases de análise propriamente e desenvolvimento. Testamos.
Fomos apresentar o software “pronto”. A primeira a chegar na apresentação foi a usuária lá da primeira reunião. Apresentamos. O único comentário da usuária foi:
Não é nada disso que eu preciso!
Todos na sala ficaram perplexos! A negociação que se sucedeu foi estressante. Provamos que o que foi desenvolvido foi o que foi acordado com a equipe da usuária. Na última reunião dessa fase, lembro que a gerente responsável me perguntou:
Por que a usuária não foi envolvida no levantamento?
A própria equipe da usuária saiu em nossa defesa, dizendo que houve uma resistência em acompanhar. A gerente saiu. Gritos. Esbravejos. E todos nós olhando uns para os outros.
Volta a gerente. Trazendo a usuária.
Ela vai explicar tudo o que ela precisa, do jeito que ela precisa. Vai validar tudo o que vocês fizerem e só vamos seguir em frente depois que ela estiver de acordo. E, caso tenham qualquer problema de agenda, falem comigo que eu resolvo.
A lição que aprendemos? Bem… É como dizia aquele velho comercial de TV: não basta ser usuário… Tem que participar!
A participação do cliente no processo de desenvolvimento certamente vai economizar uma boa grana para sua empresa. Se você é cliente, procure envolver-se mais com o projeto. Não queira apenas acompanhar o andamento, independente do método de desenvolvimento utilizado. Não apenas esteja disponível. Faça-se presente.
Se você está desenvolvendo um projeto, tente trazer cada vez mais o cliente para o lado do desenvolvimento. Faça com que ele sinta satisfação em ver algo que está ajudando a construir. Faça o seu usuário ser o pai desta criança que está nascendo!
E continue ligado nos artigos da série sobre os Princípios Ágeis!
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