Estive pensando por estes dias em algum tema bacana pra escrever e a ideia do Manifesto Ágil sempre me voltava à cabeça. Mas, há alguns anos, já publiquei um artigo comemorando o aniversário do Manifesto. E não queria chover no molhado. Foi aí que me lembrei de um campo que nunca explorei: os Princípios Ágeis, por trás do Manifesto.
Os Doze Princípios Ágeis orbitam em volta do Manifesto Ágil, dando suporte aos seus valores. E é isso que vamos explorar nesta série de artigos: os valores por trás do Manifesto Ágil e como colocá-los em prática.
O Primeiro Princípio Ágil diz o seguinte:
Nossa maior prioridade é satisfazer o cliente, através da entrega adiantada e contínua de software de valor.
Ué… Mas no modelo waterfall a prioridade não é a satisfação do cliente? A resposta é sim, mas a diferença é em como esta satisfação é levada até o cliente, nos dois modelos.
No mindset waterfall, você tem que respeitar o cronograma e o escopo nele definidos (por alguém), custe o que custar. Raramente um Gerente de Projetos consegue, sem estresse, negociar novas datas para as entregas, a menos que ofereça “de brinde” pequenas (ou grandes) alterações no escopo planejado. Como as datas são firmadas (salvo raras exceções) sem base na velocidade do time, é possível que você só assista Deadpool quando sair no Netflix ou se você comprar um DVD pirata (daqueles que filmam do cinema).
Ah, mas tudo bem… Eu trabalho com hora aberta!
Ah, por favor, não me venha com essa de hora aberta! Você não é um relógio que trabalha indefinidamente. E, mesmo se fosse um, suas baterias um dia acabam! Trabalhar em troca apenas de dinheiro é um erro enorme! Você vai gastar tudo quando tiver um infarto ou quando tiver que dividir seus bens no divórcio (sabe como é… quem não comparece…)!
Particularmente, eu abomino o modelo taxi driver (como chamo carinhosamente), pois o compromisso, várias vezes, parece não estar na entrega contínua de software com qualidade e de valor, mas sim, com o bolso de quem o desenvolve. Não gosto de condicionar comprometimento ao pagamento e não gosto do efeito que o modelo causa. Justamente por acreditar que trabalhamos pra viver e não vivemos pra trabalhar. Mas essa é uma outra questão, que já abordei anteriormente, em outro artigo.
Mas, enfim, como garantir a satisfação do cliente no modelo ágil? Qual é a mágica?
Pra começar, não existe mágica nenhuma! O próprio Manifesto Ágil nos dá a resposta, quando diz:
Colaboração com o cliente, mais que negociação de contratos.
Ou seja, a “mágica” está na colaboração e transparência do relacionamento entre cliente e fornecedor. O cliente precisa estar tão comprometido quanto o time de desenvolvimento. É preciso mudar o mindset do cliente que joga o problema nas mãos do fornecedor e espera receber uma solução pronta. O software tem que ser construído por todos, não só pelos especialistas em TI. Afinal, quem mais entende das dores do dia a dia do que o próprio cliente?
Envolver o cliente e fazer com que ele seja parte do que está sendo construído é mandatório para que tudo funcione. Principalmente por que não estamos falando em um software completamente pronto, mas em entregas incrementais, contínuas e cadenciadas, onde cada uma delas acrescenta algum valor ao negócio.
Obviamente, quem tem nas mãos a chave para descobrir qual a prioridade dos valores que mais atendem ao negócio é o próprio cliente. Repare o poder que o cliente tem neste modelo! Além da satisfação de contribuir com a solução, maximização dos resultados e retorno do investimento!
Entendendo o negócio e planejando as iterações com o cliente, o time de desenvolvimento consegue medir sua velocidade, definindo estimativas cada vez mais próximas da realidade. E, assim, consegue entregar cada vez mais valor, a cada iteração. Sem estresses, sem horas extras, sem desgastes.
Assim, arrisco dizer que a satisfação do cliente está diretamente ligada ao compromisso que ele mesmo tem com o software que está sendo construído. Quanto mais parceiro, quanto maior a interação, colaboração e transparência com o time de desenvolvimento, mais satisfatórios serão os resultados do projeto. É um modelo em que todos ganham, de alguma forma!
E, no final de semana, todos podem ir ao cinema tranquilamente!
E este foi o primeiro de uma série de artigos sobre os Princípios Ágeis! Se você quer saber mais sobre o Mindset Ágil, não perca a oportunidade de participar do Agile Trends, um evento sobre agilidade e gestão, altamente inovador e interativo. Inscreva-se aqui!
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