Reunir um grupo de pessoas e transformá-las em um time é um grande desafio. São pessoas diferentes, com histórias distintas e comportamentos desconhecidos. O Agile Coach deve, em primeiro lugar, conhecer estas particularidades e saber como trabalhar com elas.
Recentemente, recebi um novo time para liderar. Um time totalmente novo, todos foram contratados para participar do projeto. Por um lado, isso é muito bom, pois não existem vícios, panelas ou qualquer laço que possa ser usado como algum tipo de resistência coletiva.
Por outro lado, cada membro do time é uma caixinha completamente desconhecida! Para quem veio de outras abordagens de gerenciamento de projetos, é uma grande mudança e uma grande quebra de paradigmas..
Não existe abordagem certa ou errada; existe a abordagem que funciona e que une o grupo de pessoas na formação do time, em busca de um único objetivo em comum. A seguir, descreverei algumas técnicas que eu utilizei para aquecer o time.
Em primeiro lugar, qualquer líder precisa conhecer as pessoas com quem trabalha. Você precisa entender muito bem os momentos pessoal e profissional, quais são os objetivos das pessoas e como motivar as pessoas. Como coach, acredito que a recompensa para qualquer profissional não deve limitar-se a receber seu pagamento no fim do mês. É preciso proporcionar um bom clima, além de mostrar-se genuinamente interessado no crescimento pessoal e profissional das pessoas.
No meu caso, marquei uma conversa individual com cada um dos membros do time. Interessante notar que algumas pessoas ficaram “meio que em pânico” ao se deparar com o invite no email: alguns acharam que levariam bronca e até que seriam dispensados! Veja você o que o mercado de trabalho tem feito com os profissionais: as pessoas têm um certo receio e um pé atrás com seus líderes!
Nestas conversas, além de entender o momento de cada um, interessei-me em descobrir os motivadores de cada um, além de entender os objetivos de cada um. Uma pergunta muito importante neste processo, e que deve ser feita de maneira sincera é:
De que forma eu, como líder, posso ajudá-los a alcançar estes objetivos?
Mostrar que você está interessado em ajudar as pessoas é muito importante! Ao contrário do que os chefes pensam, isso não os enfraquece; pelo contrário, fortalece a sua liderança.
Depois que você conhece o time e que o time já te conhece (e não pensa mais que você é a personificação do Capiroto), o segundo passo é colocar todos juntos para que todos se conheçam e para que você, como líder, entenda como as pessoas interagem e quais serão os possíveis desafios futuros.
Reuni o time em uma sala e facilitei duas dinâmicas:
Super Apresentação
Particularmente, tenho dificuldade com nomes. Então, levei alguns cartões, dobrados ao meio, onde as pessoas deveriam escrever seus nomes. Terminado isso, na parte de trás do cartão, as pessoas deveriam escrever seu Super Nome, que nada mais é que seu nome de super herói. Todos nós, algum dia, já brincamos de heróis! A ideia deste desafio foi trazer essa essência de cada um.
Além do nome de super herói, os participantes deveriam escrever um super poder que gostariam de ter. Aí é que estava o pulo do gato! Cada um deveria se apresentar com sua identidade secreta (seu nome), seu super nome e seu super poder. E deveriam explicar por que escolheram este super nome e de que forma o super poder ajudará o time a alcançar seus objetivos.
O objetivo desta atividade é, através do lúdico, trazer a essência dos participantes, além do melhor de cada um, que deverá ser aproveitado pelo time. Como facilitador, você deve observar a linguagem corporal dos participantes e estimular os mais resistentes. O processo parece ingênuo, mas, ao final, o resultado é muito bom, tanto que, na minha experiência, alguns participantes carregaram consigo os cartões de apresentação.
Esse cara, Aquele cara
Todos nós já trabalhamos com pessoas que amamos e que odiamos! Assim como um casamento, trabalho em grupo é uma eterna negociação entre amor e ódio!
Dividi o quadro em duas partes e distribuí post its aos participantes. Individualmente, cada um deveria escrever características d’Esse Cara, o cara com quem gostariam muito de trabalhar. Por fim, deveriam colocar os post its no quadro, explicando por que cada uma das características é tão desejada em alguém com quem gostam de trabalhar.
O segundo passo foi escrever nos post its as características d’Aquele Cara, o cara com quem não gostariam de trabalhar de jeito nenhum! Mais uma vez, cada um teve que explicar o porquê daquela característica ser odiada em um colega.
A ideia por trás desta atividade é identificar os valores que são importantes para o time. Além disto, ao final da atividade, os participantes saem da sala com uma lição de casa:
Pense, internamente, quais características você tem d’Este Cara e quais características você tem d’Aquele Cara. E reflita sobre quem você quer ser para este time!
Como dito anteriormente, não existe abordagem certa ou errada: existe a abordagem certa para o seu time! Observe o comportamento do seu time, saiba como você, enquanto líder, pode ajudar cada uma a evoluir pessoalmente e profissionalmente; entenda como motivar as pessoas; saiba como elas interagem e identifique possíveis resistências ou pontos de atenção. Seja sempre sincero.
E tenha um grande time!