por Marcelo Almeida
A Microsoft finalmente escolheu seu novo CEO Satya Nadella para substituir o sempre animado Steve Ballmer.
Em sua gestão aconteceram coisas como o Windows Vista e Windows 8 que são sucessos de crítica (negativa) pela internet afora. Mas Ballmer fica orgulhoso mesmo quando perguntam qual foi a melhor coisa que já fez: Não ter cancelado o projeto que deu origem ao XBox, mostrando que sua gestão foi repleta de erros por ação e acertos por omissão, conseguindo na prática fazer o oposto da teoria e isso não é pra qualquer um.
Mas colocar a culpa em Ballmer pelos deslizes da Microsoft é injusto pois ele ama aquela empresa e seguiu a tradição que a norteia desde a sua fundação: Ir na contra mão.
Essa miopia tecnológica começou com seu primeiro CEO, Bill Gates, que antes da ressurreição da Apple era chamado de visionário.
Tão visionário que investiu 150 milhões de dólares para tirar a Apple da UTI quando Steve Jobs reassumiu a empresa para vender semanas depois. Hoje o valor deste investimento seria de aproximadamente 5 bilhões de dólares. Ele mais do que ninguém conhecia o fundador da Apple e como de costume apostou suas fichas no lugar errado.
Como por exemplo quando ele criou a Microsoft Network que nada mais era do que um BBS para Windows que buscava competir com a América On-line. Só que ao contrário de sua rival, Gates nunca achou que esse negócio de internet fosse dar certo.
Quando percebeu o erro, criou o Internet Explorer que é um consagrado (por sua lentidão) navegador usando toda a sua força para derrubar o rival Netscape (que para sobreviver virou o Firefox) e transformou o MSN em um portal achando provavelmente que ninguém iria perceber.
Um visionário é alguém que está na curva entre o presente e o futuro, e nenhum CEO da Microsoft se sente confortável nesta arriscada posição. Gostam da zona de conforto, abdicando o papel de liderança para serem seguidores, fazendo produtos como o Windows que veio depois do sistema operacional da Apple, do comunicador instantâneo MSN que veio depois do ICQ, do IE que veio depois do Netscape, da Microsoft Network que veio depois da AOL, do Bing que veio depois do Google, do Zune que veio depois do iPod, sempre na esperança de usar o seu poder econômico para compensar o tempo perdido.
Se isso funcionava nos anos 90, onde Bill Gates era líder supremo, hoje temos em um sistema parlamentarista com outros jogadores com o mesmo poder de fogo.
O sucesso da Microsoft não é medido pela qualidade de seus produtos, mas por todo o resto. Pela sua capacidade de se manter relevante mesmo com software ruim e sem nenhuma preocupação pela qualidade.
É como um cantor de música pop que tem tudo, desde o melhor produtor até o show com os mais modernos efeitos especiais, menos talento para cantar ou compor. Neste sentido, Bill Gates é o rei do pop.
O problema é se manter rei, com uma rebelião de seus súditos que insistem em não entender a genialidade de colocar uma interface touch em um computador desktop. O resultado da insatisfação geral foi a queda de seu sucessor e a restruturação total da empresa.
O segredo da Microsoft não é a qualidade ou inovação dos seus produtos, mas estar no lugar certo na hora certa. É reinventar o produto da concorrência removendo todos os obstáculos tanto de uso como de acesso. Isso não é ser visionário, é ser esperto.
Porque em todos esses anos de Microsoft, a única coisa que o Bill Gates acertou foi essa:
Tudo bem que o banco não existe mais, mas aí já é implicância.

Marcelo é apaixonado por cultura e tecnologia e sempre que pode mistura os dois. Escreve artigos e livros para mostrar que existe cultura além do pop e tecnologia além da Apple.
Contato:twitter.com/mhalmeida
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Bill Gates é praticamente o Roberto Carlos da TI :p
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Verdade! Entra ano, sai ano e ele está sempre lá dando palpite.
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